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Você já ouviu falar em processo saúde-doença? Saiba como ele impacta sua vida

Você já ouviu falar no conceito de processo saúde-doença? Ou então, conhece a sua importância e seus fatores determinantes?

Para entender o processo saúde-doença, primeiro é preciso retomar o próprio entendimento do que se considera que seja “saúde”. Esse, afinal, é um conceito amplo e com muitas nuances, que, com certeza, não se resume apenas ao fato de “não estar doente”.

A saúde, de fato, deve ser entendida como um componente da qualidade de vida, além de um direito social que se vincula inclusive ao bem comum. A doença, por sua vez, se refere a um conjunto de sintomas e sinais que podem afetar o bem-estar do paciente, seja num nível físico, mental ou mesmo social.

Além disso, a doença atinge as pessoas de formas diferentes, podendo provocar reações também bastante variadas. Sendo assim, podemos notar que os dois conceitos não são tão simples, como poderiam parecer segundo o senso comum. 

Por exemplo: um mesmo fator que permite ao humano viver (como a água, o alimento e o ar) também pode provocar o seu adoecimento. Por isso, devemos ter em mente que o processo saúde-doença é algo complexo e que envolve muitas relações entre vários fatores.

O que é processo saúde-doença?

De um modo geral, podemos dizer que a expressão “processo saúde-doença” é utilizada para falar sobre todas as variáveis que envolvem a saúde e a doença do ser humano ou da sociedade – e aí estamos considerando fatores biológicos, econômicos, sociais e até culturais. 

Trata-se, portanto, de um conceito que trabalha com a multicausalidade, abarcando todo um leque de variáveis inter-relacionadas e dinâmicas que podem afetar diretamente a saúde e o processo de adoecimento de uma população. 

Qual é a importância do processo saúde-doença?

Durante o século XX, a doença foi vista predominantemente a partir da teoria de unicausalidade. Ou seja, considerava-se em geral apenas um fator como a causa da doença. Nesse contexto, a importância de se conceber o processo saúde-doença como algo dinâmico está justamente na abertura e no alargamento dessa perspectiva. 

Com esse olhar mais moderno, vemos que a promoção de saúde pode ser bem mais efetiva. Com o auxílio das ciências humanas, atreladas aos conhecimentos biológicos, por exemplo, é possível criar uma descrição mais rigorosa dos problemas. E, a partir dela, elaborar um planejamento bem mais consistente de ações para combatê-los.

Pensando com cuidado os caminhos desse tipo de atuação, o artigo da Fundação Oswaldo Cruz sobre “O território e o Processo Saúde-Doença” indica que essa prática pode atuar de forma importante na obtenção de conhecimento, em sua interpretação e na atuação prática para a promoção de saúde. Isso, inclusive, no que diz respeito às epidemias e pandemias. 

Buscando captar um quadro mais atual e refinado, a atenção ao processo saúde-doença revela-se por fim mais atento ao panorama completo das doenças. Nesse caso, principalmente as que atingem a população em grandes parcelas (e que, justamente por isso, ganham muita visibilidade). 

Quais são os fatores que determinam o processo saúde-doença?

De acordo com um capítulo do livro Curso de Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde, esses fatores acontecem em várias dimensões, mas é possível pontuar que ocorrem desde o nível celular até o social. O processo é, então, determinado por aspectos sociais, históricos, culturais e biológicos, atingindo de diferentes formas os indivíduos e a própria coletividade. 

No Brasil, por exemplo, é possível perceber que as taxas de mortalidade mudam bastante de acordo com a classe social, raça/etnia, gênero, região, cidade e idade. As estatísticas que envolvem esses dados apresentam informações muito importantes e esclarecedoras sobre a desigualdade do acesso aos serviços de saúde no país. 

Devemos notar também que, em geral, o tratamento de saúde costuma acontecer de forma bem desigual. Em regiões onde há pouquíssimo saneamento básico, por exemplo, os tratamentos deveriam ser feitos em caráter urgente e coletivo, mas, infelizmente, não é isso o que acontece. 

Existe alguma hierarquia de fatores no processo saúde-doença?

O corpo humano pode parecer que funciona da mesma maneira sempre, mas para entender melhor como os determinantes da doença funcionam foi criada uma ordem hierárquica entre os fatores que influenciam o processo saúde-doença. Para isso, foi preciso identificar quais problemas sociais e fatores biológicos e comportamentais têm mais peso no adoecimento da população. 

De um modo geral, podemos dizer que os determinantes sociais da saúde se ligam mais diretamente às condições em que as pessoas trabalham e vivem. Fatores ligados, por exemplo, à alimentação, à renda, à escolaridade e ao emprego em geral afetam profundamente a saúde das pessoas e representam variáveis cruciais para se analisar o risco de doenças.

A hierarquia entre todos esses determinantes, no entanto, não é nada fácil de ser estabelecida, já que eles variam bastante entre uma população e outra. Além disso, as formas pelas quais os fatores sociais se relacionam com os biológicos também são difíceis de avaliar. Assim, não há uma simples relação de causa-efeito entre os fatores que levam ao desenvolvimento de doenças. 

Um estudo cuidadoso de padrões e estatísticas gerados por um conjunto grande de dados coletados junto à população é a única maneira confiável de estabelecer quais variáveis são mais atuantes no processo saúde-doença dentro de cada realidade. 

Saúde: entre as políticas públicas e os cuidados individuais

Frente à complexidade do processo saúde-doença, é crucial que o setor saúde some esforços com os demais setores da sociedade na missão maior de encontrar meios de promover a saúde coletiva da população. Afinal, políticas públicas que diminuam as desigualdades sociais e melhorem as condições de trabalho, lazer e mobilidade da população têm um impacto enorme sobre isso. 

Por outro lado, um trabalho bem feito de educação e conscientização da população também ajuda a engajar de forma mais consistente os indivíduos no esforço de prevenção e cuidado com a própria saúde. Somente com campanhas amplas de informação e acesso igualitário ao atendimento de saúde, é possível aumentar a qualidade de vida dos cidadãos. 

Para os médicos e profissionais de saúde em geral, a recomendação é sempre conversar com seus pacientes para explicar que o surgimento de uma doença é resultado de múltiplos fatores. E que, às vezes, mudanças simples de comportamento fazem grande diferença na manutenção da qualidade de vida. 

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